Biologia Pokémon: Desertos

Por Bandkrook. Traduzido por Bandkrook e Mitsuki. Publicado em: 02/07/2021.
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ZephBiology

Arte por Zephyr2007.

Introdução

Olá! Bem-vindos a mais uma edição de Biologia Pokémon! Meu nome é Bandkrook e serei o anfitrião dessa edição. Dos pastos verdes da Safari Zone na região de Kanto aos cumes gélidos do Mount Lanakila em Alola, o mundo Pokémon é repleto de uma abundância de climas, vegetações e terrenos. Porém, há um bioma que é quase sempre deixado de lado: desertos. À primeira vista, compostos por nada além de areia e alguns cactos a quilômetros e quilômetros de distância, esses biomas na verdade escondem um ecossistema bastante rico, cheio de espécies que evoluíram de maneiras simples, mas extremamente efetivas, para sobreviver às duras condições que enfrentam diariamente. Essas criaturas escondem-se atrás de cada canto do deserto, sempre lutando por sua sobrevivência. Faremos uma busca pelo mundo Pokémon para encontrar e estudar essas formas de vida incríveis e seus papéis no ecossistema.

Vida Vegetal

cacturne

Cacturne

Embora Cacturne possa parecer um cacto qualquer, a verdade por trás desse membro da família Cactaceae é bem mais obscura. Durante o dia, ele permanece completamente parado, banhando-se sob a luz solar extrema das áreas secas que habita, acumulando energia através da fotossíntese e preservando seus reservatórios internos de água. Mochileiros, trabalhadores e treinadores passam por ele, não dando muita importância para o cacto estranho. Mal sabem eles que o Pokémon está de olho em cada um de seus passos. À noite, Cacturne começa a se mover; passo a passo, ele segue rastros de movimentos de viajantes e de Pokémon como Sandile e Krokorok que passaram pelo deserto. Ele não liga de perseguir essas pobres almas até o clarão do dia e não para até que sua presa esteja exausta e mal consiga se mexer. Assim, Cacturne dá o golpe final com seus espinhos extremamente afiados e pontiagudos, devorando-a logo em seguida.

Mas como assim ele não se cansa? Cacturne parece ter energia quase infinita porque simplesmente não para de produzir glicose quando escurece. Seu corpo se adaptou de tal forma que substitui o carbono que seria necessário para produzir glicose por sílica encontrada na areia, sendo esse o porquê de a areia ser sua "seiva". A química do carbono e do silício é bastante similar, no sentido que os átomos de silício também podem formar cada um ligações com outros átomos simultaneamente, variando de um a quatro átomos. Esse novo processo de produção de glicose não requer luz, mas também não funciona em sua presença, fazendo com que Cacturne precise realizar fotossíntese durante o dia. Contudo, isso não quer dizer que Cacturne é uma forma de vida baseada em silício, ainda necessitando do carbono. Ele só encontrou um substituto para o carbono enquanto sintetiza glicose para não ficar cansado enquanto persegue sua presa à noite. Como quase todo Grass-type, Cacturne tem um sistema condutor de material conhecido como xilema, uma estrutura vascular que transporta minerais e água do solo para as partes do corpo do Pokémon. Sua contraparte, o floema, exerce a função oposta, transportando os carboidratos sintetizados pelo processo de fotossíntese para outras partes do Pokémon, dando-lhe energia.

Outro motivo pelo qual Cacturne pode ser noturno reside em outra estrutura comum a todos os Grass-types, denominada estoma. Estomas são pequenos poros espalhados por todo o corpo do Pokémon, cujo papel principal é permitir que o dióxido de carbono no ar usado para a fotossíntese e o oxigênio usado na respiração possam adentrar seus corpos e também para que o oxigênio gerado como biproduto da fotossíntese se disperse para fora do corpo do Pokémon, sendo expelido na atmosfera. Não são só esses gases que são liberados, mas também a água no sistema desse Pokémon, excretada na forma de vapor. Esse processo é chamado de evapotranspiração. A maior parte dos Pokémon que vivem em climas úmidos, como Vileplume, Alolan Exeggutor e Tropius, abrem seus estomas durante o dia, visto que habitam locais com condições favoráveis a tal: alta intensidade de luz e alta umidade. Consequentemente, eles perdem bastante vapor d'água ao longo do dia. Mas o corpo de Cacturne funciona de outra forma: seus estomas se abrem apenas durante a noite, quando a água evapora mais lentamente devido às temperaturas menores.


maractus

Maractus

Maractus também é um Pokémon planta baseado em um cacto, mas é o completo oposto de Cacturne. Enquanto este fica parado o dia todo e se move apenas à noite — configurando-o como um Pokémon noturno —, Maractus tem hábitos diurnos. Eles frequentemente se espalham pelo deserto, buscando o lugar com a maior quantia de luz solar a fim de acumular o máximo possível de energia. Você pode se perguntar "mas por que esse Pokémon precisa de tanta energia?", e a resposta é bem simples: seu principal mecanismo de defesa contra predadores é balançando seus braços incessantemente, produzindo um som parecido ao de uma cobra cascavel. Esse som é bem alto e espanta seus principais predadores, os Flying-types.

Embora Maractus precise de bastante energia só para se defender, ele ainda consegue guardar um pouco dela para que cresçam flores nas pontas de sua cabeça. Essas flores são formadas no topo de suas saliências similares a orelhas, que emergem da aréola, um tipo de galho altamente reduzido. Trata-se da mesma estrutura que forma a flor de Cacnea e os espinhos de Cacturne. Essas flores têm o mesmo propósito de qualquer outra flor: atrair polinizadores. Mas... se Maractus espanta tudo que se aproxima, como pode ser polinizado? A resposta encontra-se em um pequeno Pokémon curioso, chamado Cutiefly. Embora esse Pokémon mosca-abelha seja encontrado principalmente nos verdejantes campos de flores da região de Alola, algumas espécies adaptaram-se a regiões desérticas, onde basicamente não têm competidores, uma vez que existem pouquíssimos Bug-types nesses tipos de bioma. Esses Cutiefly adaptados têm um pelo mais grosso para repelir a areia das constantes tempestades de areia, um sugador mais longo para alcançar as flores de Maractus sem precisar chegar perto de seus braços balançantes, uma estrutura parecida com uma membrana para proteger os olhos da areia e asas maiores e mais fortes para que possam voar por tempestades de areia sem muito esforço e possam acelerar ou desacelerar repentinamente. Esses tipos de Cutiefly também têm estruturas auriculares subdesenvolvidas, não sendo afetados pelo som irritante de Maractus. Esse bichinho é tão pequeno que, na maior parte do tempo, Maractus sequer percebe sua presença; porém, quando a percebe, ele gentilmente se acalma e deixa Cutiefly fazer seu trabalho, visto que a polinização é benéfica para ambos.


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Lileep

Cerca de 100 milhões de anos atrás, Lileep vivia na área atualmente desértica da Rota 111 no deserto da região de Hoenn. Eu digo "atualmente desértica" porque um dia essa área já foi coberta de vegetação que recebia bastante chuva. Mudanças bruscas no clima da região ocasionaram essa transição permanente da paisagem, provavelmente devido às lutas constantes de Groudon e Kyogre. Embora Lileep pareça uma planta e seja Grass-type, ele na verdade não faz parte do reino Plantae. Ele é um crinoide, um tipo de equinodermo, mais especificamente um lírio do mar. O fóssil de Lileep é o Root Fossil (fóssil raiz em português), apesar de não possuir raízes ou qualquer estrutura similar a uma raiz, o que pode causar ainda mais confusão ao tentar enquadrá-lo em uma categoria. Embora tenham estruturas morfológicas bem divergentes, Staryu é seu parente mais próximo, com Mareanie não tão atrás. Isso explicaria sua habilidade de regenerar algumas partes de seu corpo, geralmente seus "tentáculos", que na realidade são seus braços

Vamos falar um pouco mais sobre a morfologia de Lileep. Seu corpo é composto principalmente pelo cálice, que contém sua boca, sistema digestivo, órgãos reprodutores e a maior parte de seu sistema nervoso. Seus braços ficam para fora na água, com cada um deles sendo coberto por pelos extremamente finos, que captam partículas de comida e as enviam ao corpo de Lileep através de um processo chamado de pinocitose. Essas pequenas partículas na água são cercadas pela membrana celular dos pelos, resultando em uma pequena vesícula cheia de deliciosos fragmentos de comida, que são, então, injetados na célula. Já que o Pokémon sempre esteve preso a rochas, ele nunca precisou desperdiçar recursos procurando por comida ou abrigo ou gastar energia em complicados sistemas musculares, ou seja, não necessitava ingerir muita comida, visto que todos seus esforços eram direcionados a garantir a reprodução da espécie.

Porém, predadores como os ancestrais de Pincurchin, Toxapex e Relicanth logo alcançaram Lileep e passaram a vê-lo como um alvo fácil, fazendo com que sua população sofresse uma queda e tivesse que pensar em algo novo. Isso resultou na evolução de Lileep, mas dessa vez não de uma forma biológica ao longo de milhões de ano: Lileep evoluiu diretamente para Cradily. Ao evoluir, Cradily desenvolveu um sistema que chamamos de hidrovascular: sob cada um de seus pés, há uma ventosa que lhe permite agarrar-se às rochas e esperar sua comida chegar aos seus braços ou mover-se para caçar comida sozinho ou ainda para escapar de predadores.


Habitantes da Areia

trapinch

Trapinch

Embaixo da superfície arenosa do deserto esconde-se um temível predador. Suas mandíbulas podem esmagar pedregulhos em questão de segundos e sua natureza é extremamente feroz e imprevisível. Não apenas é poderoso, mas também bastante inteligente: ao criar ninhos em formatos de tigelas ou cones na areia, ele espera que sua presa caia dentro e fique encurralada. Quem imaginaria que um Pokémon como Trapinch, com seus 70cm de altura, seria tão perverso? Trapinch aguarda pacientemente para que suas presas caiam diretamente em sua boca aberta. Quando elas caem, fim de jogo. Trapinch tem força o suficiente para desmantelar qualquer presa que caiba em sua boca. Mesmo aquelas que não cabem se machucam severamente, podendo perder membros do corpo e também sofrer de ferimentos graves. Se a presa cair no buraco e de alguma forma conseguir evitar cair diretamente na boca de Trapinch, ela tentará escalar para fora da armadilha, mas sem sucesso algum. Quanto mais a presa sofre para escalar, mais ela desliza, e ao remover areia do fundo do buraco, Trapinch afunila ainda mais a cova. Isso faz com que a presa despenque, onde encontrará seu fim para o deleite de Trapinch.

Na rara ocasião de Trapinch deixar seu ninho para buscar por um local onde conseguirá mais presas, ele precisa estar muito alerta e se mover o mais rápido possível. Suas mandíbulas são tão pesadas que, se ele for emboscado e acabar girando, ele não conseguirá se levantar sozinho e ficará bastante vulnerável a Sandile e Krokorok, que atacarão sem hesitar.


hippowdon

Hippowdon

Como poderíamos falar de desertos sem mencionar o mais icônico Pokémon de areia? Hippowdon pode parecer bem mais intimidador que Trapinch, mas, contanto que você respeite seu território, que contém dez fêmeas para cada macho, ele não te atacará. Porém, caso você tente se aproximar de um Hippowdon selvagem, prepare-se para correr, pois eles podem atingir velocidades de até 50km/h! Apesar de serem tão agressivos, Hippowdon são herbívoros. Entretanto, isso não significa que eles não irão te machucar! Hippowdon passa a maior parte de seus dias enterrado na areia, saindo apenas para comer. Espécies de Sinnoh e Unova nunca deixam suas camas de areia. O motivo pelo qual isso acontece é desconhecido, mas pesquisadores estão investigando o assunto. Talvez esteja ligado à sua natureza mais agressiva, visto que Hippowdon não são territoriais fora de suas camas de areia e, se tentar se aproximar de um enquanto está enterrado, ele abrirá sua enorme boca para te assustar. Todavia, ninguém teve coragem de se aproximar o suficiente para verificar se eles sairiam de suas camas de areia.

Gostaria de mudar o foco dos hábitos de Hippowdon para sua ecologia. Hippowdon sozinho não faz muito, mas tem uma relação mutualística com Dwebble. Juntos eles cuidam um do outro. Como o corpo de Hippowdon tem muitos buracos pelos quais areia é expelida muito rapidamente e em grandes volumes, é natural que rochas acabem ficando presas, obstruindo o fluxo de areia e despertando sua ira. É aí que Dwebble entra em ação: ele rapidamente monta em Hippowdon e remove as rochas presas nos buracos, na maioria das vezes substituindo sua própria rocha por uma nova. Em troca, Hippowdon pode ajudar Dwebble ao liberar um pouco de espaço em seus buracos para que ele se abrigue caso as rochas presas não sejam boas o suficiente para seu uso e ele não consiga achar nenhuma outra pelo chão. Enquanto se esconde nesses buracos, Dwebble não apenas se encontra protegido de inimigos naturais, como Roggenrola e Rolycoly, mas também se move mais rápido e seguro pelo deserto com a ajuda de Hippowdon.


krookodile

Krookodile

Se você estiver andando pelo deserto durante o dia e avistar uma protuberância vermelha e dois pequenos espinhos pretos para fora da areia, tenha cuidado: Krookodile selvagens estão te observando. Eles são um dos melhores predadores do deserto, competindo com Gabite e Trapinch. Seu corpo evoluiu para que ele fosse capaz de avistar sua presa no meio da noite, mesmo com uma feroz tempestade de areia. É claro que ele pode te ver em plena luz do dia. Os olhos de Krookodile contêm uma membrana chamada de membrana nictitante, também conhecida como terceira pálpebra. Essa estrutura ocular é literalmente uma terceira pálpebra transparente e está presente em Pokémon como Feraligatr, Liepard, Beartic, Braviary e Sharpedo. Sua função principal é remover areia e outras impurezas dos olhos do Pokémon ao mesmo tempo que lhe permite olhar através dela para não perder sua presa ou predador de vista; e um fato interessante: diferente das pálpebras normais, a membrana nictitante move-se horizontalmente pelo globo ocular. Por sua vez, Pokémon como Passimian, Oranguru e Infernape possuem apenas vestígios de uma terceira pálpebra, assim como nós humanos. O porquê dos primatas não possuírem uma membrana nictitante funcional é desconhecida. Talvez nós não precisássemos dela e ela só nos atrapalhasse? Talvez por que primatas interagem com o mundo a sua volta com as mãos ao invés de focinhos e olhos, então a proteção era desnecessária? Talvez um vírus que infectou membranas nictitantes varreu algum precursor da linhagem dos primatas há muito tempo? Podemos nunca saber.

Mas não vamos ser soterrados por toda essa informação. Além de sua visão excepcional, Krookodile também possui uma mandíbula incrivelmente poderosa, capaz de rasgar sua presa ao meio com facilidade. Isso é útil especialmente contra Pokémon grandes, como Hippowdon. Seu focinho contém células sensoriais que conseguem detectar vibrações na areia. Ao balançar sua cabeça de um lado para o outro, o Pokémon se aproxima de sua presa (geralmente Hippopotas perdidos e Trapinch distraídos) lentamente e os agarra com sua mandíbula. Novamente, a mandíbula de Krookodile é extremamente forte e ele não deixará sua presa escapar custe o que custar. Ele balança sua cabeça repetidamente até a presa ser rasgada ao meio. Como dito antes, Krookodile caça debaixo da areia e nada pelo deserto como se fosse água; um fator importante que ajuda seus movimentos na areia a serem tão rápidos é o formato de seu focinho. Por ser bem longo, ele consegue cortar a areia com facilidade, permitindo movimentos mais rápidos e mudanças de direção bruscas.

Contudo, apesar de ser um ótimo lutador e saber se defender bem, Krookodile ainda é vítima de atividades humanas. Atualmente, ele é uma espécie criticamente ameaçada, que sofre com caça excessiva devido à sua pele e ao formato peculiar de focinho, que é considerado um troféu entre os ricos. Conservação deles é encorajada nas regiões de Unova e Alola, onde percebe-se uma maior concentração de Krookodile.


Outros Habitantes

mandibuzz

Mandibuzz

Tenha paciência comigo, pois esse registro será bem macabro. Como Mandibuzz sabe que ela não é fisicamente forte, ela não consegue caçar a menos que sua presa esteja doente ou ferida, já que qualquer alvo com força moderada poderia facilmente contra atacar. Por isso, ela é classificada como carniceira, ou seja, se alimenta de carcaças, como os restos da caça de um Krookodile, por exemplo. Além de seu método de caça ser bem diferente, a forma com que ela alimenta Vullaby é, bem, única. Mandibuzz se alimenta da carcaça antes de voltar a seu ninho, onde Vullaby a espera. Ela então regurgita os restos na boca de Vullaby. Sim, é nojento, especialmente se você considerar que essa comida está estragada. Mas, por mais que isso pareça nojento, Mandibuzz tem um papel extremamente importante no ecossistema desértico e na nossa saúde.

Carcaças de Pokémon comumente carregam doenças perigosas, mas Mandibuzz não liga para elas devido ao pH extremamente ácido do seu estômago em 1, então todas aquelas bactérias nojentas e perigosas simplesmente morrem em seu estômago. Isso faz com que elas sejam removidas do meio ambiente e previne que elas sejam transmitidas a outros Pokémon ou a nós. Isso explica o porquê do método de alimentação de Vullaby é estranho, já que seus estômagos não têm um pH baixo o suficiente para matar as bactérias e alimentá-las com a carne estragada direto da carcaça poderia prejudicá-las, logo, Mandibuzz se livra dessas bactérias antes de alimentar Vullaby.


heliolisk

Heliolisk

Heliolisk se parece exatamente com o que se espera de um Pokémon reptiliano. Pele escamosa para prevenir a perda de água excessiva, garras para agarrar presas e escalar superfícies rochosas, uma cauda para equilíbrio e levantar areia caso precise fugir de um predador e um corpo esguio para ser mais aerodinâmico e para entrar em fendas pequenas. Heliolisk tem até um colar que, apesar de ser exclusivo à sua espécie, não é nada excepcional. O que faz Heliolisk se destacar é sua habilidade de produzir quantidades enormes de energia com seu colar. Sim, ele é um Electric-type, então ele naturalmente produz eletricidade, mas seu registro na Pokédex diz que apenas um Heliolisk consegue iluminar uma cidade inteira, o que parece absurdo para um Pokémon tão pequeno. Bem, Heliolisk na verdade não está só. Pesquisadores descobriram que Heliolisk tem uma relação simbiótica com uma espécie peculiar de bactéria fotossintética capaz de fornecer glicose suficiente para ele produzir toda aquela eletricidade.

As bactérias moram no colar de Heliolisk, onde conseguem a maior quantidade de exposição solar possível para fotossintetizar e produzir glicose. Trata-se de uma relação simbiótica mutualística e acontece da seguinte maneira: assim que há uma quantidade boa de luz natural no deserto, Heliolisk abre seu colar e as bactérias começam a fazer fotossíntese, produzindo oxigênio para as células do seu colar. Heliolisk então metaboliza esse oxigênio, produzindo dióxido de carbono (o qual as bactérias consomem). Toda essa energia acelera o metabolismo de Heliolisk, fazendo-o caçar presas como Cutiefly ou escapar de predadores como Braviary e Krookodile mais rápido, além de impulsionar seus ataques, especialmente se ele tem a ability Solar Power.

Falando sobre suas abilities , houve um grande número de casos relatados nos quais o número de Heliolisk selvagens com a ability Dry Skin está diminuindo, provavelmente devido à possibilidade de sua pele sensível machucá-los se ficarem muito tempo sob a luz solar. Se o Pokémon não ficar sob o sol o suficiente para gerar mais energia das bactérias em seu colar, ele não terá energia suficiente para caçar por comida ou escapar de predadores, o que o levará a morrer de fome para ser comido por Mandibuzz ou de predação de Pokémon como Krookodile. O que temos aqui é um exemplo claro de seleção natural, processo pelo qual as espécies se adaptam a seus ambientes. Todos os indivíduos em uma população têm características variáveis; neste contexto, são as abilities que um Heliolisk pode ter. Se algum nascer com a ability Dry Skin, ao longo do tempo, essa população diminuirá devido à seleção natural, enquanto os nascidos com as abilities Solar Power ou Sand Veil têm uma característica adaptativa — uma característica que lhes dá uma vantagem — e mais probabilidade de sobreviver e se reproduzir. Com o tempo, essas abilities favoráveis tornam-se mais comuns, eliminando as desfavoráveis. Por conta disso, a Fundação Aether, no esforço de salvar Heliolisk selvagens com a ability Dry Skin, transferiu grupos deles para novas áreas, como Lush Forest na região de Alola e a Rota 119 na região de Hoenn, onde o clima é muito úmido. Esses Heliolisk estão lentamente se adaptando às suas novas casas e começando a depender menos em seus colares e mais em suas abilities predatórias. Ter a pele sempre úmida torna-os muito escorregadios e difíceis de serem capturados por predadores, ao mesmo tempo em que faz com que seu corpo conduza eletricidade muito melhor para caçar presas. Não só isso, a chuva lhes fornece um pouco de cura.


Os Mitos

volcarona

Volcarona

Volcarona é um Pokémon bastante raro. No momento deste artigo, Volcarona selvagens foram encontrados apenas em três regiões: Unova, Alola e Galar. Em Unova, ele só pode ser encontrado na última sala do isolado Relic Castle, localizado no centro do Desert Resort, o deserto mais perigoso do mundo Pokémon. Existem armadilhas de Trapinch em todos os lugares, Pokémon implacáveis como Krookodile e Mandibuzz estão sempre observando você e até mesmo Sigilyph podem ser muito assustadores, pois eles protegem o Relic Castle — sua casa nos tempos antigos. Em Alola, Volcarona está localizado em uma caverna escondida nas profundezas da Lush Forest e só aparecerá se você tentar pegar sua prole, Larvesta. E você pode imaginar que ele não ficará feliz com isso. As escamas de Volcarona são tão quentes como chamas, deixando suas marcas em qualquer um que ouse se aproximar. Alguns treinadores relataram que a dor de uma queimadura da escama de Volcarona é tão insuportável que eles quase imediatamente veem branco e depois desmaiam! O último lugar onde está mariposa ardente pode ser encontrada é na região de Galar, vagando pelo Insular Sea, uma área aberta. Mesmo que a área seja aberta e de acesso mais fácil, os treinadores ainda precisam pegar um trem para a Isle of Armor, que não está conectada à região de Galar por via terrestre. O passe de trem também não é barato, o que significa que nem todo treinador pode simplesmente entrar na ilha. E mesmo que você consiga chegar à ilha, Volcarona só aparecerá se o tempo estiver ensolarado e só sai do ninho uma vez por dia. Portanto, você pode ver o porquê de Volcarona ser um Pokémon tão difícil de encontrar e estudar e porquê muitos aspectos de sua biologia ainda são um enigma. Volcarona é um Pokémon tão raro, poderoso e misterioso que já foi considerado um deus pelas antigas civilizações de Unova!

Há um grande debate entre ecologistas Pokémon se Volcarona são territoriais ou apenas tímidos. A evidência usada para provar que são tímidos é o hábito de lutar diretamente contra outros Pokémon e humanos apenas como último recurso. Além disso, eles só saem de seus ninhos se necessário, como para caçar ou proteger a si e sua fase larval, Larvesta, de intrusos. Mas as evidências usadas para apoiar as alegações de que Volcarona são territoriais também têm valor. Certos ecologistas Pokémon acreditam que Volcarona afugentam quaisquer ameaças potenciais de seus ninhos usando suas escamas em brasa. Não temos como saber qual das duas é a verdadeira, pois chegar perto de Volcarona é uma tarefa muito complicada.

Apesar de tudo isso, pesquisadores conseguiram um espécime para fins de estudo. Pesquisas feitas em Volcarona descobriram que seu pelo evoluiu de forma a proteger seu corpo dos lugares em que vive, ficando bem grosso. Este também é o caso com Larvesta. Ter pelos muito grossos ajuda esses Pokémon não apenas a repelir a areia de seus corpos, no caso de Volcarona que vivem no Relic Castle, mas também ajuda a prevenir o crescimento de fungos em seus corpos ao não permitir que a umidade excessiva da Lush Jungle infiltre sua pele. Volcarona que vivem no Insular Sea também têm pelos muito grossos, pois eles funcionam como uma forma de resfriar seu corpo, provavelmente a única razão pela qual saem de sua toca. Outra adaptação que o corpo de Volcarona tem é o método de botar ovos. Estranhamente, ao contrário da maioria dos ovos de Pokémon que têm uma casca dura de cálcio, os ovos de Volcarona têm pelos. O motivo do corpo de Volcarona substituir conchas de cálcio por uma cobertura de pelo ainda é um mistério, assim como o próprio Pokémon.


tapu bulu

Tapu Bulu

Pesquisadores tentaram estudar o corpo de Tapu Bulu, mas sem sucesso. Não só é difícil acessá-lo em suas ruínas viajando pelo confuso Haina Desert, mas se acontecer de você chegar às Ruins of Abundance, se o guardião não o considerar forte o suficiente, ele não aparecerá. Alguns especulam que todo o seu corpo é feito de madeira e ele pode se regenerar após a batalha usando sua ability Grassy Surge. A biologia de Tapu Bulu é atualmente um mistério, mas cientistas estão trabalhando muito para saber mais sobre como essa divindade guardiã funciona e vive..

Embora Tapu Bulu seja comumente visto como preguiçoso e irresponsável por não cumprir seus deveres como divindade guardiã desde os tempos antigos, é um dos Pokémon mais importantes no ecossistema em que vive. Graças à sua ability Grassy Surge, Tapu Bulu pode criar vegetação do nada e brotar árvores inteiras como se fossem meras mudas. Mesmo que isso possa não parecer tão útil considerando quantos Pokémon que vivem no deserto se adaptaram para viver em condições exatamente opostas às que ele pode oferecer, muitos habitantes se beneficiam de sua capacidade de gerar oásis onde quiser. Ao criar oásis em áreas que foram irrigadas por meio do surgimento repentino de aquíferos subterrâneos, Tapu Bulu pode enriquecer o meio ambiente e torná-lo mais acessível a mais formas de vida que caso contrário não seriam capazes de viajar para essas áreas áridas. Pokémon como Oricorio, Beautifly e Trumbeak ajudam a diversificar a flora da área, transportando novas sementes e pólen de outros biomas, que podem crescer muito mais rápido com a ajuda de Tapu Bulu. Veja bem, a divindade guardiã não planeja transformar o deserto em uma pradaria. Isso só ajuda a diversificar o ecossistema, então não se preocupe com ele mudando muito a paisagem e perturbando o equilíbrio do Haina Desert. Manter o equilíbrio não exagerando no uso de seus poderes ainda é trabalho de Tapu Bulu. Mesmo que às vezes possa ser julgado como preguiçoso, ele sabe que é melhor manter sua reputação pelo menos decente após o incidente no Thrifty Megamart.


Conclusão

Espero que esse artigo tenha feito alguns de nossos leitores perceberem que desertos podem ser tão legais quanto florestas exuberantes, vulcões escaldantes, oceanos profundos e montanhas gélidas. Na superfície, eles podem parecer vazios e entediantes, mas eu posso assegurar-lhes que eles são repletos de uma flora e fauna surpreendente e ostentam Pokémon tão incríveis quanto! Essa foi mais uma edição de Biologia Pokémon e espero vê-los no próximo artigo!

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