Território Inexplorado: Viagem ao Distortion World

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Capítulo #1

Encarei o abismo ao qual uma figura sombria levou Cyrus. Cynthia corria em minha direção; um grito de frustração escapou-lhe a boca, enquanto eu observava admirado este novo mundo. Os Guardiões dos Lagos, Uxie, Azelf e Mesprit, vieram envoltos por esferas luminosas; porém, Mesprit parou diante de nós antes de adentrar nesse lugar tão assombroso. Cynthia olhou para mim, pedindo desculpas pelo seu atraso e, depois, contou-me sobre a origem daquela maliciosa sombra também chamada de Giratina. Continuou, ressaltando que as distorções vindas do mundo no qual Giratina vivia continuariam a se proliferar como um vírus. Olhei para os pilares que, anteriormente, estavam erguidos em glória, mas agora pareciam meros dedos trêmulos de um homem senil. Cynthia perguntou se eu ainda pretendia perseguir Cyrus e, hesitantemente, apenas respondi com um balançar de cabeça.

Capítulo #2

Aqui, a gravidade era diferente da de Sinnoh — a terra estava virada ao avesso e podíamos saltar facilmente pelos abismos. A princípio, meu pavor de cair aumentava à medida que adentrávamos este turbilhão enigmático de reviravoltas, contudo, cedo ou tarde, isso deveria ser deixado em segundo plano. Cynthia guiava o caminho, então pretendia ficar ao seu lado pelo resto dessa jornada. Como um pêndulo, esse lugar aparentava buscar seu ponto de equilíbrio, mantendo-se intacto pelo estranho magnetismo de cada parte desse novo mundo. Embora os mistérios daqui fossem assustadores, ainda assim eles me enchiam de intriga; bem como uma anomalia científica à espera de uma solução.

Capítulo #3

A campeã disse que não existem Pokémon nesse lugar que ela chamou de "Distortion World" e não só o tempo, mas também o espaço, pareciam estar parados iguais a uma estátua. Complementou, afirmando que as grandes massas de terra possuíam fissuras capazes de mudar sua posição assim que um peso fosse aplicado sobre elas. A primeira rachadura a qual encontrei não trocou o local de nenhuma rocha, mas me fez flutuar por cima desse abismo escuro. Esses pisos pareciam ter um centro de gravidade próprio, o que lhes permitia criar sua própria trilha nesse obscuro mundo. Logo após, Cynthia explicou-me o que eu havia acabado de passar, enquanto eu esfregava meu rosto de um modo que até fez ela sair em silêncio, e afundei um de meus pés no meio de uma plataforma.

Capítulo #4

Cynthia seguia um destes caminhos flutuantes, dando saltos de uma placa à outra. Em pouco tempo, ela já havia escapado do meu campo de visão, enquanto eu ainda estava preso em um bendito pedaço disforme de terra. Não tinha mais para onde ir, apenas seguia o exemplo dela, embora não a encontrasse em lugar algum. Um leve ataque de pânico afligiu-me assim que escutei um baixo ruído esgueirar pelas sombras. Passei a respirar forçadamente, quando percebi que essa poderia ser a primeira vez que me encontraria com Giratina, o arauto do crepúsculo. Para minha sorte, apenas era Mesprit saindo da escuridão. Lentamente, Mesprit ia em direção ao vácuo, enquanto eu continuava minha rota à procura de mais alguma bifurcação. Desta vez, a fissura não havia movido a plataforma, mas eu, que subitamente andava de lado em outro pedaço de rocha flutuante. No início, fiquei apavorado, dando passos cautelosos para não cair, porém, para minha sorte, achei outro buraco, o qual me colocou em um local que estava na posição correta. Melhorei assim que a gravidade voltou ao normal, já que andar daquele jeito estava me dando náuseas. A partir daqui, comecei a me perguntar sobre o paradeiro de Cynthia, conforme adentrava mais nesse labirinto cujo fim parecia indefinido.

Capítulo #5

Os distorcidos horizontes desse mundo me fizeram seguir as piores direções possíveis. Alguns fragmentos trocavam de posição, seguindo até becos sem saída, não havendo nada para se ver além do fim de túnel que esse lugar chama de atmosfera, enquanto outros sequer moviam, embora tivessem fissuras. Encontrei-me com Cynthia eventualmente, que achava melhor nos separarmos na esperança de encontrarmos a tal entidade obscura. Apesar de ter deixado ela para trás agora pouco, o tempo aqui é tão inerte quanto uma estátua; nem conseguia lembrar qual foi a última vez em que ouvi ou avistei outra pessoa. Conforme prosseguia com um vazio, dentro e fora de meu corpo, uma figura surgiu na minha frente. Comecei a tremer na expectativa de ter perdido a sanidade, vendo miragens como se eu estivesse perdido no meio de um deserto. A imagem gradualmente tomou forma, assemelhando-se a de um humano. À primeira vista, achei que Cynthia estava se reencontrando comigo, mas não era ninguém menos que... Cyrus!

Capítulo #6

Cyrus se aproximou e, em seu rosto, eu conseguia ver minha ressecada expressão nas túrbidas piscinas azuladas que eram seus olhos. Fiquei perplexo com o quão miserável era minha aparência até perceber que Cyrus estava falando comigo. Ele me perguntou se eu sabia algo sobre genes, que, hesitantemente, respondi com um sim. Continuou, discutindo os altos e baixos da genética como se não tivesse ouvido a minha resposta. Quem sabe ele apenas queria ouvir a própria voz? De qualquer forma, continuei a ouvi-lo dizer sobre como os genes coexistem em uma fita de DNA e que dito DNA é feito de polos opostos, sendo que um não pode se expressar sem o outro. Cyrus associou isso ao misterioso Pokémon com o qual foi sugado para dentro desse polo reverso, ressaltando que a criatura mantinha o equilíbrio entre esse mundo e o nosso. Era necessário o advento desse lugar para que ele, o próprio líder, pudesse mudar nossa realidade, ainda que contra a vontade desse Pokémon. Seguiu, contando-me quais eram seus planos, e, assim como qualquer outro vilão de filmes de ação ruins, pretendia pôr um fim a Giratina e depois ao mundo a fim de que, em troca, conseguisse fazer o que bem entendesse. Assim, ele saiu de manso com um olhar o qual eu apenas poderia chamar de ambicioso, deixando-me novamente para sobreviver às minhas custas...

Capítulo #7

Quanto mais segui em frente, descobri que esses buracos na verdade faziam as plataformas desaparecerem ao invés de mover uma plataforma em específico, o que me fez questionar sobre como as mecânicas desse outro mundo funcionavam. Queria explorar, porém, sabia que se eu não achasse a saída desse labirinto, estaria novamente encarcerado em meus pensamentos, da mesma maneira quando vi Cyrus, recebendo mais um choque da realidade na qual me encontrava. Queria estar na companhia de meus Pokémon, mas também fiquei preocupado em trazer um deles para fora de sua PokéBall, caso algo de errado acontecesse. Eventualmente, achei uma fissura em uma rocha cujo formato era de um garfo, fazendo uma planície emergir e logo encontrei uma placa familiar de terra, descendo ainda mais nas profundezas desse bendito mundo assim que pisei em outra bifurcação.

Capítulo #8

Segui caminho para uma área repleta de trepadeiras disformes. Fiquei atônito pela maneira com a qual pareciam formar um enorme pé de feijão em direção ao portal de onde eu e Cynthia viemos. Conforme observava a distância, encontrei outro dos Guardiões dos Lagos: Uxie. O charme e o carisma os quais exalava me pareciam quase palpáveis. Percebi que ele estava sobrevoando uma rocha a qual me parecia familiar. Eram aquelas rochas do meu mundo cujos Pokémon precisavam usar Strength para conseguir mover. Paradoxalmente, o método aqui era o mesmo. Hesitante, permiti que Empoleon utilizasse o HM a fim de lançar a pedra caminho abaixo. Fui em direção a outro desses rochedos que se moviam, indo aonde aquela rocha se encontrava. Uxie estava à espera próximo daquela pedra que, surpreendentemente, não caiu aos pedaços. Continuei caminhando pelas múltiplas passagens que se formaram onde Uxie estava e, eventualmente, encontrei-me com Cynthia. Indaguei "aleluia", enquanto Cynthia explicava sobre como Giratina parecia testar aqueles quem visitavam seu mundo, usando uma espécie de jogo envolvendo essas placas. Ela disse que os Guardiões dos Lagos queriam nos contar algo, então, novamente, comecei a seguir Uxie e tentei decifrar esse quebra-cabeça aparentemente complexo.

Capítulo #9

À medida que tentava compreender esse quebra-cabeça com a ajuda dos Guardiões, eu investigava ainda mais esse bizarro mundo cujas vinhas desapareciam e reapareciam, as rochas tinham aos montes e até mesmo possuía uma cachoeira virada de cabeça para baixo. A física desse mundo me assustava pelo quão desvinculada ela era comparada à do meu. Borboletas preencheram meu estômago, quando a mistura de medo e ansiedade floresceram do meu corpo retorcido assim que adentrava os locais mais mórbidos desse lugar. Eventualmente, eu e Cynthia nos reencontramos, e ela me explicou que, aparentemente, Uxie, Mesprit e Azelf voltaram ao nosso mundo para manter a paz entre Dialga e Palkia, enquanto nós tínhamos de lidar com essa rixa de Cyrus contra Giratina. Caminhamos na perspectiva de que Giratina estava perto. Conforme pisávamos em mais dessas rochas flutuantes, uma delas parou onde Cyrus estava. Cynthia o confrontou, dizendo-lhe que, se ele não gostava do nosso mundo, deveria rastejar e retornar para a carapaça de onde veio. Cyrus revidou, afirmando a ela que ele não sentia necessidade de fazer isso, bem como não devia ter nos permitido agarrar de maneira incompleta o que chamávamos de "espírito". Dito isso, eu e ele nos encaramos e iniciamos um árduo combate.

Capítulo #10

Superei a força dos Pokémon de Cyrus com a ajuda de meus companheiros, embora tenha hesitado em os enviar para fora devido à atmosfera desse outro mundo. Depois disso, ele caiu de joelhos e se questionou sobre o que seriam agora de seu mundo e de sua galáxia. Cyrus também começou a gritar sobre como o sonho dele havia sido esmagado pela minha ideologia. Ele continuou, afirmando que eu não conseguiria derrotar ou sequer capturar Giratina, visto que a criatura era extraordinária assim como este mundo. Cyrus forçou a mim o legado dele, dizendo que eramos nós — eu e Cynthia — quem estávamos levando nosso mundo à ruína, confrontando essa abominação ao invés de reparar o universo. Com isso, Cyrus nos deixou um tanto perplexos e preocupados se estávamos fazendo ou não o que devia ser feito. Cynthia ergueu-se ao meu lado, enquanto observávamos Cyrus andar orgulhoso e, rompendo o silêncio, disse que ele havia se enganado, já que todos nós temos um lugar, seja o nosso próprio mundo ou esse distorcido.

Capítulo #11

A figura sombria voava a distância enquanto nós dois a observávamos. Em dado momento, andei cautelosamente, assim que três pequenos blocos surgiram em minha frente. Eu os saltei, quando de repente Giratina voou rapidamente perto de mim, quase me fazendo cair à beira do precipício. Cynthia logo me socorreu para assegurar que nada havia ocorrido, e então me reergui, pondo um fim a qualquer uma de suas preocupações. Finalmente, consegui saltar para a terceira e última rocha, enquanto Giratina se materializava diante de mim. A imensa criatura erguia sua horrenda feição, fitando-me de cima para baixo. Sua obscura aura emanava e fluía como as ondas do oceano. Seus rugidos rasgavam-lhe a garganta, o que quase me fez perder todos os apetites. Limpei minha garganta, engoli minha saliva e convoquei todos meus Pokémon para derrotar o monstro.

Capítulo #12

Giratina havia derrotado todos, exceto meu Empoleon, até que finalmente consegui o capturar. Cynthia sorria com ânimo ao saber que o Pokémon nos compreendeu e estava disposto a cooperar conosco. Uma enrouquecida voz ecoava nos meus ouvidos, quando percebi que Cyrus tinha retornado, perplexo ao descobrir que o "Pokémon Renegado", de algum modo, foi capturado. Cyrus estava furioso por Cynthia e eu termos permitido que o Distortion World prosperasse, apontando que nós deixamos nosso espírito sobrepor nosso julgamento. Tranquilamente, Cynthia assegurou a Cyrus que não havíamos sido guiados por nossos espíritos, mas pelo fato de que, apesar das diferenças entre ambos os mundos, são os Pokémon que unem a todos nós. Ele a interrompeu, falando sobre como as emoções dele eram resultantes de seu espírito incompleto. Então, rapidamente, Cyrus saiu de cena em um sentido oposto ao nosso, enquanto Cynthia finalmente nos instruiu a atravessar o portal no qual a grandiosa fera uma vez havia se erguido, afirmando que este era o caminho de volta ao nosso mundo.

Capítulo #13

Lá estava eu de pé, orgulhoso pelo o que eu havia acabado de passar e intrigado pelas maravilhas desse mundo. Recordava-me de quando aprendi pela primeira vez que podia desafiar as leis da gravidade do meu mundo, andar pelas paredes, cruzar os tetos e descer por uma cachoeira fora de curso. Eu havia ganhado a habilidade de transitar sobre pedaços de rocha que, de alguma forma, flutuavam no próprio campo gravitacional. Cynthia e eu atravessamos o portal, um capítulo da minha vida havia se encerrado, mas que definitivamente está repleto das mais revoltantes e peculiares intrigas. Um mundo, o qual supostamente devia ser o completo reverso do meu, que nunca vou esquecer.

Art by LiD

Arte por LifeisDANK.

Epílogo

Esse mundo maravilhoso, enquanto à primeira vista parecia imenso e aterrador, é um lugar o qual jamais esquecerei. O fato de ele ser tão diferente do mundo em que vivo, mas sem batalhas contra outros Pokémon e com a possibilidade de burlar a física de meu universo, primeiramente, deixou-me hesitante para continuar essa jornada, porém, ler este diário deixou um marco em meu coração; o êxtase e a adrenalina dessa aventura novamente voltaram a fluir em mim, como se eu estivesse prestes a entrar nesse novo mundo junto à Cynthia mais uma vez. Embora sinta saudades dos mistérios do Distortion World, fico contente por viver em um magnífico e vasto lugar onde pessoas e Pokémon podem conviver lado a lado. E, não importa o que aconteça, nossos espíritos acendem uma chama tão radiante que nunca será apagada por aqueles como a Team Galactic.

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